E as luzes se apagaram

...e a platéia toda foi embora, e as músicas silenciaram, e todo os atores estavam saindo com as atrizes para alguma boate qualquer. Já passou da hora.
Mas ele insistia no palco. Continuava a correr, em agonia, de um lado a outro, em busca de um algo ou alguém. Chorava, ria, gritava e xingava! Dramatizava a sua vida ao longo dos minutos. Não fazia aquilo para que os outros o vissem, não fazia aquilo para ganhar dinheiro. Fazia porque sentia-se como. Fazia pois assim podia ver os fantasmas do dia a dia. Os demônios com quem degladiava lutas terríveis em busca de um beijo e de toda a felicidade que poderia receber de sua bela musa. Oh! Se a vida tive lhe dado mais um par com quem pudesse atuar sobre a escuridão! Não sabia mais de nada. Escandalizava as banalidades e blasfemava  os nobres.
Nada mais lhe importava, enquanto de joelhos sobre o palco, sua alma retornava ao corpo.
O suor que pingava era absorvido pela madeira firme do chão, criando manchas que nunca mais sairiam, assim como as marcas que a loucura deixava gradativamente em sua cabeça.
-Nada mais importa![...]